sexta-feira, 5 de março de 2010

Textos dos 2º Período

DIABETES

História da Diabetes

O papiro de Ebers, escrito pelos egípcios há 3500 anos constitui a mais antiga descrição do que hoje se considera a Diabetes mellitus. No entanto, a urina com açúcar foi pela primeira vez descrita na Índia, por Suscruta, há cerca de 2400 anos.
O termo diabetes, oriundo do grego, que significa “passar através de”/”atravessar”, foi primeiramente utilizado, na nomenclatura medica, por Areteu da Capadócia há cerca de 2000 anos. Este termo deve-se à incapacidade do organismo em reter líquidos. Por outro lado, mellitus, proveniente do latim e mais tarde utilizado na nomenclatura médica, significa “com sabor a mel”.
Apesar dos diferentes diagnósticos e “tratamentos” desenvolvidos ao longo dos séculos nunca foi possível interferir no curso natural desta doença.
No entanto, só nos últimos 200 anos se começou a perceber o que é a diabetes, especificamente, em 1860 com o médico, Paul Langerhans. Este médico alemão descobriu um grupo de células no pâncreas onde mais tarde foram identificadas as células responsáveis pela produção de insulina
Em 1889 Minkowsky, cientista alemão, após a extracção do pâncreas, reproduziu experimentalmente uma diabetes em cães.
Mas o maior marco histórico da Diabetes deu-se em 1921 com os canadianos, Freserick Bauting e Charles Best (1), que conseguiram um preparado que continha insulina. Este quando administrado a um cão diabético, obteve-se uma rápida correcção da Hiperglicémia.
Iniciou-se assim uma evolução no tratamento da diabetes.
Em 1926, um médico Português - Ernesto Roma – fundou em Lisboa a primeira associaão de diabéticos do mundo – Associação Protectora dos Diabéticos Pobres.
Posteriormente descobriu-se que alguns indivíduos sintetizavam uma quantidade “normal” ou aumentada de insulina mas que eram incapazes de a utilizar.



Causas da Diabetes

Como já referimos anteriormente a diabetes tipo 1e a diabetes tipo 2 têm origens diferentes, ou seja causas diferentes.
Na diabetes tipo 2 a hereditariedade é um factor importante. Contudo, um indivíduo com historial de diabetes tipo 2 na família pode não desenvolver esta doença se adaptar um estilo de vida saudável.
Já na diabetes tipo 1, não são conhecidas causas que estejam directamente relacionadas com esta doença, sendo que apenas se conhecem situações que potenciam o desenvolvimento da mesma. Por essa razão, a diabetes tipo 1 tanto pode aparecer numa criança como num adulto, num individuo saudável ou sedentário.
Existe no entanto, uma teoria que justifica que o aparecimento da diabetes tipo 1 pode estar relacionado com agentes infecciosos ou ambientais.



No que consiste – Diabetes

A diabetes consiste na incapacidade do organismo utilizar glicose – principal fonte de energia.
A assimilação da glucose, bem como a de lípidos (gorduras) e proteínas, ao nível das células, está dependente da insulina, produzida ao nível do pâncreas.
O pâncreas é constituído por duas áreas – a endócrina e a exócrina.
A exócrina produz o suco pancreático enquanto a endócrina – constituída por dois tipos de células (as alfa e as beta) – produz as hormonas glucagon e insulina. As células alfa (α) são as produtoras de glucagon e as células beta (β) produzem a insulina.
Numa situação normal, o sistema imunitário do indivíduo reconhece, como pertencentes ao organismo, as células β. No entanto, aquando um desiquilíbrio (infeccções virais, células cancerígenas, transplantes rejeitados, etc..) no organismo, as células do sistema imunitário – linfócitos T citotóxicos – ao detectarem e destruirem as células alteradas podem perder a capacidade de reconhecer as células do próprio organismo, destruindo as células β do pâncreas. A destruição destas células, e a não regeneração das mesmas, compromete a produção de insulina, tornando o indivíduo insulinodependente – Diabetes Tipo 1.
Por outro lado, na Diabetes Tipo 2, as células β do pâncreas, por serem reconhecidas pelo sistema imunitário como pertencentes ao organismo, não são eliminadas produzindo uma quantidade normal ou acrescida de insulina – indivíduos não-insulinodependentes. Porém, estes indivíduos não conseguem assimilar esta hormona, necessitando de um tratamento à base de comprimidos que diminuem a insulinorresistência, desenvolvendo receptores nas membranas das células.



Sintomas e Tratamento sintomático da Diabetes:

Existem diversos sintomas para a diabetes mellitus tipo 1, como:
· Poliúria: Aquando valores de glicose acima dos 150mg/dL no sangue – hiperglicémia – os mecanismos de osmorregulação, a nível do rim, secretam a glicose no sangue. Desta forma, os níveis de glicose no sangue (glicemia) diminuem, aumentando a pressão osmótica. Este aumento resulta na secreção de água, o que aumenta o volume de urina;
· Polidipsia: A secreção de grandes quantidades de água para diluir a concentração de glicose na urina, activa osmoreceptores do hipotálamo, provocando sede;
· Polifagia: Apesar da presença de glicose no sangue, devido à inexistência de insulina, as células não são capazes de a utilizar, pelo que continuam a agir como se não houvesse glicose no sistema. Assim sendo, o organismo vai sentir fome porque as células vão pedir glucose ao cérebro;
· Xerostomia: Uma vez que os rins estão a recorrer à água existente nos outros sistemas para diluir a concentração de açúcar na urina, estes vão perder água, ficando secos;
· Fadiga: Como o corpo está impossibilitado de utilizar a glicose não ocorre a produção de ATP – energia química proveniente da respiração celular - levando o indivíduo a ficar mais cansado;
· Prurido no corpo: Este sintoma também está directamente relacionado com a desidratação dos tecidos, pois a água bebida está a diluir a concentração de glicose na urina, provocando comichão;
· Visão turva: Esta é provocada pela desidratação na zona dos olhos, levando a que os diferentes componentes ópticos não funcionem como seria esperado.
Todos estes sintomas estão inter-relacionados com a osmorregulação.
Os sintomas da diabetes tipo 2 são os mesmo que os da diabetes tipo 1. No entanto, na tipo 2, estes podem-se manter ocultos durante um maior período de tempo.

Numa pessoa normal são produzidos dois tipo de insulina, a basal, que se mantém constante ao longo do dia, e a insulina prandial, que serve de suplemento durante/após as refeições. Como já foi estudado, o organismo de um diabético insulinodependente não produz insulina, pelo que o tratamento tem necessidade de “imitar” o metabolismo de uma pessoa não diabética.
Assim sendo, o tratamento da diabetes tipo 1 consiste em insulinas de diferentes acções: lenta; intermédia; rápida; ultra-rápida. As insulinas de acção lenta e intermédia funcionam como insulina basal. A insulina de acção lenta reage no organismo durante 24 horas e a sua acção é constante enquanto a de acção intermédia só reage durante 12 horas e tem um pico de acção ao fim de quatro horas.
As insulinas de acção rápida e ultra-rápida funcionam como a insulina prandial. A principal diferença entre estas duas insulinas é a altura em que ocorre o pico de acção, ao fim de quatro horas para a insulina rápida e de duas horas para a insulina ultra-rápida.
Na diabetes tipo 2 consideram-se duas fases, a de hiperinsulinismo e a de hipoinsulismo. Na fase de hiperinsulinismo o individuo produz insulina no entanto é-lhe resistente. Nesta altura são administrados fármacos de primeira linha – insulinosensibilizadores. Já na fase de hipoinsulinismo o organismo do diabético mantém-se insulinoresistente mas deixa também de produzir insulina. Nesta fase é necessário tratar o diabético tipo 2 com insulina recorrendo ao mesmo esquema que se utiliza nos insulinodependentes.
Entre estas fases são adicionados à terapêutica do diabético, insulinosecretores que estimulam as células β a produzir insulina, estes são retirados quando o tratamento com insulina é iniciado sendo os insulinosensibilizadores mantidos.


Curiosidades da Diabetes

A diabetes tipo 1 e tipo 2 são as mais conhecidas mas existem outros tipos de diabetes como: a diabetes tipo MODY e a diabetes gestacional.
Na diabetes tipo MODY, o indivíduo apresenta sintomas semelhantes à diabetes tipo 2. Esta diabetes resulta de uma mutação genética e afecta jovens adultos, adolescentes e crianças.
Por outro lado, a diabetes gestacional surge durante a gravidez e apresenta também sintomas semelhantes à diabetes tipo 2. Geralmente desaparece, quando termina a gravidez, mas tem tendência a reaparecer, posteriormente, na forma de diabetes tipo 2, senão forem tomadas medidas de prevenção correctas.

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